Confira como foi a live sobre Sustentabilidade na impressão digital têxtil e a interação com o novo consumidor

Confira como foi a live sobre Sustentabilidade na impressão digital têxtil e a interação com o novo consumidor

A live entre o diretor da FESPA Digital Printing, Alexandre Keese, e Diego Genari, Gerente de Desenvolvimento para o mercado têxtil latino-americano da DuPont, mostrou como o universo da impressão digital têxtil vem se adaptando ao novo comportamento do consumidor, que demanda por produções customizadas e sustentáveis. Entenda quais são os novos conceitos e necessidades, e como estar preparado para esta transformação:

 


Panorama da impressão têxtil

Alexandre Keese iniciou passando um panorama geral da área: “Cerca de 5% do material que é consumido no têxtil é impresso digitalmente. E podemos somar com estudos do FESPA Print Census, que mostram que desde 2015 o digital vem crescendo com força. É interessante pensar nas oportunidades que existem para impressão e o poder que ela fornece”.

Genari concorda: “É um mercado de aproximadamente 500 bilhões de dólares mundialmente, com o Brasil alcançando 50 bilhões de dólares, ou seja 10%, que é algo muito considerável. É um mercado super importante. E o digital é 5,5% do global. Apesar de hoje no Brasil a gente é predominantemente convencional, mais do que o global”. Keese considera que isso prova que há muitas oportunidade no mercado. Dentro da pesquisa da FESPA, há a indicação de crescimento de dois dígitos desde 2015.

Diego destaca o trabalho da DuPont: “Estamos trabalhando para trazer inovação e mostrar ao mercado os números e os benefícios que a impressão digital vem trazendo para a impressão têxtil. E há diversas vantagens. Não só na questão de qualidade. Com a mudança de mercado, empurrado pela pandemia, a impressão digital vai se tornar relevante por uma necessidade de melhoria de processo interno e pelo que o consumidor vai exigir das empresas”.

O mundo online está fortalecido com o e-commerce. Pesquisa indicam que 80% das pessoas que nunca tinham feito compras online e utilizaram o serviço aprovaram. Isso é algo que vai perpetuar mesmo depois da volta a uma normalidade. As empresas, então, vão precisar levar em conta na hora de fazer estratégia de curto, médio e longo prazo.

Keese reforça algo fundamental: “Não é só a impressão digital, mas quanto o seu processo é digital”.

“O online é uma tendência que vem para ficar. O consumidor brasileiro ainda tinha um pouco de receio de fazer compra e pagamentos online, e cada vez mais, depois da primeira compra, é inevitável que siga comprando pela internet”, frisa Diego Genari.

Personalização

Dentro desse novo hábito do consumo, temos a personalização entrando, com as pessoas demonstrando suas vontades e do que você acredita, e muitas vezes isso é feito através da sua roupa, pelo que você se veste e se mostra.

Diego concorda: “O digital permite isso. A partir de agora, os consumidores estarão mais ligados a buscar personalização. Quando ele descobre que pode fazer uma camiseta estilizada, com uma arte que ele desenhou, vai começar a pedir isso para as empresas. E só vai entrar na onda se tiver como fazer isso. E com impressão convencional vai precisar de escala pra valer a pena fazer o setup da máquina, pois são centenas e milhares de metros. No digital é começar a imprimir e o custo é o da tinta que está jogando no tecido. Não tem setup complicado, se você tem perfil bem feito, arte correta, não tem complicação”.

E, para colaborar, os softwares oferecem controle extremamente eficiente do projeto. O RIP traz o número do quanto foi colocado de tinta por metragem, se a empresa muda para outro fornecedor ele te diz se tem economia, ou seja, a tecnologia da impressão digital está ajudando a tomada de decisão dos empresários em relação aos insumos e ao processo.

Transição

E como é a transição de quem trabalha com serigrafia para impressão digital?

“O que costumamos ver, até pelos números de crescimento em digital, se a gente for pegar cinco anos, tínhamos taxas de crescimento de 1 a 2%, e agora temos crescimento maior. E vamos terminar 2020, mesmo com o efeito de pandemia, com crescimento maior pela nova forma do consumidor pensar”.

A tendência vem acompanhando o consumidor, mas também vem na hora do aumento de capacidade. Vamos dar como exemplo uma empresa que está hoje trabalhando com serigrafia, com o silk dela. Se ela chegar ao seu limite de produção e precisar trabalhar com novo investimento em máquina, o digital pode entrar como uma opção. A gente não fala de substituição, e sim de aumento de capacidade”.

“A conversão que estamos vendo é no aumento da capacidade instalada. Até por isso que o Brasil, como tem capacidade instalada muito grande no convencional, até atingir nível para começar a fazer o aumento com digital toma um pouco mais de tempo. Mas estamos caminhando para isso”.

Sobre o Print Census, em 2015 houve um crescimento da impressão têxtil em vestuário, decoração e mercados industriais; nessa época, 27% estava trabalhando ou mirava esse setor. Já no estudo de 2018, 56% das empresas que imprimem hoje em tecido já tinham um espaço dentro da impressão digital. E muitas delas atuando no segmento esportivo e tecidos decorados. E o motivo era adicionar velocidade para entregar novos produtos.

“Vem uma tendência puxada. Eu preciso fazer o investimento para estar no mercado, para se diferenciar. Tenho muitos ao redor que estão fazendo o mesmo que eu faço. Então como vou oferecer um benefício para o cliente diferente do que está no mercado? Para algumas empresas é desafiador, mas para algumas é oportunidade. Com a crise cessando e com o crescimento de mercado, estará um passo à frente nos outros”.

Sustentabilidade e o novo consumidor

Diego fala do impacto que a indústria têxtil tem no meio ambiente: “Em 2015, foi medido o impacto da indústria têxtil no meio ambiente. A indústria têxtil global tem 2% de toda emissão de CO2 no mundo. Fizeram projeção de 2050, e seria equivalente a 25% de tudo que é emitido de Co2 no planeta. Se a indústria têxtil não começar a se movimentar nesse sentido, seremos considerados os vilões”.

Esse pensamento sustentável está também dentro da impressão digital têxtil. “Se você mudar do convencional ao digital, há consumo de água 10 vezes menor. E, dentro do digital, há por exemplo, impressão de tinta reativa, ácida e o pigmento, esta a mais sustentável hoje, que é uma impressão direta, onde não tem muitos processos: você faz um pré-tratamento, imprime e uma secagem simples para que sua tinta possa estar bem fixada no tecido e já faça a venda em seguida. Estamos eliminando as etapas, tendo economia de tempo de processo, além de uma grande economia de água, colaborando com o meio ambiente. Espero que no futuro seja assim”. Isso traz economia de água, tempo, recursos e até de espaço físico, pois muitas vezes as vaporizadoras possuem a necessidade de um espaço físico muito grande.

Na pesquisa da FESPA, 76% das empresas dizem que a demanda por produtos sustentáveis tem influenciado a questão dos negócios. “Cada vez mais novos consumidores vão chegar com essa proposta. Os mais jovens têm uma preocupação que nasce da escola. Estão vivenciando o processo de sustentabilidade. Uma nova geração que está no DNA deles”, relata Alexandre Keese. “As crianças estão aprendendo e forçando os pais a entrarem nessa nova onda de ter um consumo sustentável e consciente”, confirma Diego.

Novos pensamentos

É comum o pensamento de quem vem da indústria de impressão “analógica”, independente de seu segmento, se questionar: será que o digital atende em termos de qualidade o mesmo que o processo convencional?

Diego responde: “Em outros mercados há o questionamento: vou conseguir o mesmo resultado que tenho em offset, roto e flexo? No mercado têxtil é a mesma pergunta. São dois fatores importantes: o primeiro é o que eu realmente preciso entregar ao cliente porque tem a questão do custo. Se eu terei uma tiragem super alta, talvez precise continuar com meu processo de impressão convencional. Mas sabemos que, como no mercado de embalagem, há um aumento de SKUs e diminuição das tiragens. O mercado vai para esse lado e o custo do convencional vai se justificando menos. O segundo ponto é o que eu considero como qualidade? Então existe esse modelo que tem que ser quebrado. Hoje, pelas tecnologias de impressão digital, todas hoje têm um alto nível de qualidade, cada um com sua exigência”.

Alexandre lembra que, em outra mudança, “a indústria estava acostumada a ter a produção, e depois gerava a demanda. Ela produz e vai para a venda. O digital inverte a equação. Eu posso gerar a demanda e conforme essa demanda vai acontecendo, temos a produção. E a segunda é a questão de testes: vou fazer um piloto de um produto e, se deu certo, vamos para a produção, aumentar escala”.

Genari comenta: “Quando você é obrigado a ter uma produção muito grande, você empurra para venda, ao consumidor final, rezando para quem está comprando gostar. Vou gastar com design para desenhar muito bem ao consumidor, estar ligado nas tendência de moda. No digital, você faz um piloto. Tenho um cliente que imprime 100 camisetas com determinada arte, que acha que vai pegar legal. Distribui em lojas físicas que ele têm e checa: se vender do jeito que espera, produz mais e escalona. Ele conseguiu ver que o consumidor gostou daquilo que ele está trabalhando”.

E prossegue: “Mas, se eu produzir uma tonelada e o consumidor não gostou, tenho que fazer queima de estoque. Tenho clientes que adquiriram máquinas digitais para designs iniciais de tecido. Se eu só tenho impressão convencional, ou mesmo reativa ou ácida no digital, que também tenho que fazer produção maior, não consigo fazer 50 metros impressos só pra costurar e ver se visualmente é o que estava esperando. No digital posso fazer isso e, se ficou bom, posso soltar para outros processos”.

Ser um consultor

Com as novas tecnologias, muitas vezes o vendedor precisa ser um consultor no processo de transição. O especialista da DuPont explica: “Em todos os segmentos trabalhamos com venda consultiva. O mercado têxtil é bem consciente na aquisição. Tenho um cliente na Argentina que quer entrar no pigmento para fazer fardas do exército argentino. Há exigências de solidez, exposição a sol e chuva o tempo todo. Ele quer na impressão digital pigmento, não quer fazer outro investimento em convencional. Como você pode ajudar, ele perguntou. Então fazemos um trabalho apresentando as linhas de tinta, para quais equipamentos funciona, mostramos a gama de soluções e ajudamos o cliente com testes”.

No caso, a DuPont vai pegar 100 metros da amostra do tecido, levar para o laboratório nos Estados Unidos, imprimir com possibilidades diferentes de tintas e equipamentos, fazer os testes e devolver ao cliente, que também fará os testes de lavagem e temperatura. E vão verificar se funciona. “Queremos uma relação longa com nosso cliente e que tenha essa confiança mútua”, reforça Diego Genari, que encerra com um aviso: “O número de consumidor online e querendo customização será cada vez mais alto”.

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